A cidadã venezuelana Ana Pérez, a quem vai ser atribuído o Prémio Empreendedor Imigrante 2010, disse à Lusa que esta distinção é uma “recompensa e o reconhecimento” do trabalho realizado como programadora cultural no norte de Portugal.
“Acho que todas as pessoas das ciências sociais acreditam que as coisas só têm valor quando são reconhecidas pelos outros. Se não forem reconhecidas é porque não estão a ser bem feitas. Se o outro me reconhece como sendo uma pessoa de valor e como tendo um percurso interessante que vale a pena ser premiado, então tudo o que aconteceu valeu a pena”, afirmou.
Ana Pérez é licenciada em Direção Coral Infantil e em Semiologia e Paleografia do Canto Gregoriano. Há alguns anos fundou o Coro Gregoriano de Penafiel e o Coro da Casa do Gaiato de Paço de Sousa, Penafiel, que dirigiu durante três anos em regime de voluntariado.
Criou ainda o Festival Coral de Natal, uma iniciativa que reúne num único evento todos os grupos corais da região de Vale do Sousa, e o Festival Coral Internacional.
Ana Pérez tem ainda desenvolvido diversos projetos que cruzam a música com a solidariedade social, como o “Música a Brincar” e “Porto de Orfeu”, iniciativas promovidas em duas instituições para portadores de deficiência de Paços de Ferreira e Penafiel.
Tem realizado várias ações para a generalização do ensino da música no Porto, sendo coordenadora do projeto da Casa da Música “A Orquestra vai à Escola".
Residindo e trabalhando na zona do Porto e do Vale do Sousa há cerca de 12 anos, Ana Pérez, de 35 anos de idade, ficou surpreendida quando a informaram que o prémio lhe ia ser atribuído.
“A minha reação foi como num filme. Aquela história toda que se ouve quando as pessoas recebem prémios e acham que não é verdade. Recebi uma chamada da Gulbenkian a dizer que eu tinha ganho o prémio, mas eu pensava que estavam a brincar comigo”, contou à Lusa.
Para Ana Pérez, este prémio veio num momento importante, numa altura em que “já estava numa fase em que achava que a cultura não era tão valorizada em Portugal”.
“Estava mesmo cansada e apetecia-me desistir, mudar de profissão, fazer outras coisas que não fosse cultura”, admitiu, sublinhando que, com este prémio, “as coisas mudam”.
“Este prémio é muito importante por isso”, observou.
O Prémio Empreendedor Imigrante 2010, iniciativa da Plataforma Imigração, será atribuído ex aequo a Ana Pérez e a Leila Sadeghi, iraniana residente em Portugal há cinco anos e empresária na área da estética e beleza.
A distinção de Melhores Práticas Autárquicas 2010 será atribuída à Câmara de Valongo pelo projeto “Valorizar a Diferença”.
O Prémio Empreendedor Imigrante do Ano, no valor de 20 mil euros, é atribuído ao imigrante que tenha revelado maior empreendedorismo e responsabilidade social.
A cerimónia pública de entrega dos prémios da Plataforma Imigração realiza-se na sexta-feira, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
A Plataforma Imigração atribui desde 2007 o Prémio Empreendedor Imigrante e a Distinção de Melhores Práticas Autárquicas em integração de imigrantes.
O núcleo fundador da Plataforma Imigração integra a Fundação Gulbenkian e outras instituições ou organizações da sociedade civil.
Fonte: Lusa
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