São jovens empreendedores QUE MIGRAM PARA O campo com uma renovada cultura de território, e visão a longo prazo da importância da agricultura para o País e para o seu legado. Promovem um regresso sustentável à RURALIDADE, que combate o desemprego, estimula o desenvolvimento económico e gera poupanças na economia familiar.
POR GABRIELA COSTA
POR GABRIELA COSTA
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Sucede que esta realidade promove o aumento do custo de vida (no mesmo ano, setenta por cento do endividamento das famílias concentrava-se nas áreas metropolitanas), dos problemas de mobilidade e das condições de vida precária, a nível social mas também ambiental.
Para os Novos Povoadores, a promoção de oportunidades de empreendedorismo nos territórios rurais “provocará o desejado êxodo urbano”. Reduzir o fosso das assimetrias regionais com benefícios para os novos residentes e para os territórios de baixa densidade é um objectivo a conseguir através da instalação de unidades empresariais no interior, a custos reduzidos, e com uma mão-de-obra também mais barata que a dos centros urbanos.
O campo torna-se ainda uma boa escolha pela reconhecida qualidade de vida que proporciona, graças à sua baixa densidade, defendem os Novos Povoadores, que estão a dinamizar uma rede de empreendedorismo no meio rural, em sectores económicos suportados pelas Tecnologias de Informação e Comunicação.
Uma “economia sem geografia” não é uma visão utópica numa sociedade cada vez mais globalizada, preconizam, e “a ruralidade tem hoje atractivos que lhe permite competir com as áreas urbanas, garantem.
Frederico Lucas, que promove o projecto Novos Povoadores e coordena o infoex.pt (iniciativa que acolhe em património edificado ao abandono, no interior do país, empresas de jovens empreendedores, em áreas como a agricultura, a comunicação ou a floresta), é um defensor dos Working Labs, oficinas de experimentação profissional que estão a ser dinamizadas em articulação com algumas autarquias. Estas oficinas resolvem dois problemas, afirma: são uma alternativa para muitos jovens qualificados no desemprego e dinamizam os equipamentos públicos já existentes nos meios rurais.
Neste modelo flexível de ‘levar a cidade para o campo’, a agricultura surge como área estratégica, já que “é consensual que Portugal pode reduzir a dependência externa dos produtos agrícolas”. Esse caminho pode e deve ser traçado apoiando novas iniciativas agrícolas orientadas para as novas tendências de consumo, defende Frederico Lucas.
Ainda vive na cidade?
“Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias.” É com esta filosofia de vida que o Movimento Farming Culture, Novos Rurais defende novos valores que sustentam a procura da proximidade com a natureza e com a vida no campo.
Pensar o "rural" e o "urbano" a partir da interacção de agentes sociais que visam “romper com a dualidade inerente a essas categorias” é a missão deste projecto que se dirige a uma nova classe de pessoas que, tendo nascido na cidade, opta por viver no campo.
Os também chamados Agricultores de Sofá são jovens executivos, empreendedores, que “gerem a dinâmica e o stress empresarial mas não usam gravatas". Amantes do campo, tendem a aproveitar o melhor do meio rural mantendo algum do conforto que tinham na cidade.
Mas, como é, na prática, dinamizado o movimento Novos Rurais?
Reunindo e partilhando ideias, projectos e experiências, sobre a paixão da vida no campo. Agregando pequenos agricultores biológicos e aproveitando “este nicho da economia que é vital ao desenvolvimento do país”. Privilegiando, “de forma sistemática”, a aquisição de produtos portugueses, adquirindo-os a pequenos produtores e gerando riqueza no país, consolidando postos de trabalho nacionais.
Dinamizando fóruns de discussão e apresentação de projectos de turismo rural e turismo de natureza, “salvaguardando deste modo a nossa riqueza patrimonial, natural, cultural e turística”. E promovendo workshops, em temáticas como hortas urbanas, permacultura e eco-construção, explica, em declarações ao VER, João Monge Ferreira, fundador e promotor do projecto Novos Rurais.
“A promoção de oportunidades de empreendedorismo nos territórios rurais provocará o desejado êxodo urbano” – Novos Povoadores | |
Para este empreendedor, a agricultura “é uma questão de segurança nacional”. Na sua opinião, “vítimas das reformas da PAC, nos últimos vinte anos temos vindo a perder cultura de território, que demorámos centenas de anos a adquirir”.
Crítico, João Monge Ferreira considera que o País tem “gradualmente abandonado a agricultura e vimos as nossas reservas estratégicas reduzidas a números assustadores”.
Portugal assumiu uma vocação florestal que foi importante para a economia a curto prazo, diz, mas “devastadora para o território a médio e longo prazo, como têm demonstrado os últimos anos, em que vimos boa parte do território nacional a arder e os solos, já de si pobres, a empobrecerem ainda mais”.
A boa notícia, garante, é que “a agricultura está de volta”: os neo-rurais são agricultores que “voltam a ter uma grande cultura de território e visão a longo prazo, da importância da agricultura para o seu país e para o seu legado”.
Uma EcoCasa portuguesa, concerteza
Uma Eco Casa para todos construída através de uma rede de fornecedores cem por cento portugueses que se tornam embaixadores da causa. É esta a ambição do projecto também fundado por João Monge Ferreira, com os objectivos de atrair, sensibilizar e informar as pessoas que procuram (re) construir edifícios e espaços.
Para tal, “são convidados todos aqueles que projectam, planeiam e executam as construções e os equipamentos, com uma atitude intencional na criação de construções sustentáveis, com menores custos económicos e ambientais e aportando valor acrescentado à qualidade de vida”, anuncia a iniciativa.
Os promotores da EcoCasa Portuguesa, desígnio que nasceu nas redes sociais, querem construir uma casa amiga do ambiente totalmente nacional - desde o projecto de arquitectura aos materiais utilizados, “a ideia é que tudo seja made in Portugal e fornecido graciosamente”.
Ao VER, o responsável desta iniciativa, que dirige ainda os projectos Empreendedores em Rede e Cibereconomia explica que, na fase inicial, a casa modelo será uma forma de os ‘embaixadores’ promoverem os seus produtos e serviços, e serem fornecedores dos futuros projectos.
O objectivo é que a casa “se adapte aos diversos climas, relevos e matérias-primas de cada região”, até porque o futuro do projecto passa pela comercialização em vários países, adianta. É o caso de Angola, Brasil, Espanha e Moçambique, para além de Portugal.
Segundo João Monge Ferreira vão ser projectados modelos low-cost, para fácil implantação em zonas rurais. A primeira habitação, um T3 “orçado em 150 mil euros”, a construir num prazo de dois anos, é um projecto com uma forte componente pedagógica ambiental”, conclui.
O nosso agradecimento à revista VER
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