Especialistas debatem presente e futuro de Portugal no ISCTE
Perigo: Sermos mais consumistas e menos cidadãos, esquecermos que o capitalismo não precisa da democracia, vivermos sem um governo e não termos imaginação.
Estas são algumas das «Ideias perigosas sobre uma crise» debatidas ontem, no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). O encontro inspirou-se no livro lançado há um ano «Ideias perigosas para Portugal» e contou com as presenças dos autores João Caraça, Catarina Portas, Gustavo Cardoso, Ana Catarina Santos, Sandro Mendonça e do jornalista Paulo Pena.
Estas são algumas das «Ideias perigosas sobre uma crise» debatidas ontem, no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). O encontro inspirou-se no livro lançado há um ano «Ideias perigosas para Portugal» e contou com as presenças dos autores João Caraça, Catarina Portas, Gustavo Cardoso, Ana Catarina Santos, Sandro Mendonça e do jornalista Paulo Pena.
A ideia que Catarina Portas apresenta no livro é que “o nosso atraso pode ser o nosso avanço”. Segundo a jornalista e empresária, em momentos de crise económica e financeira como esta que atravessamos, “o que as pessoas procuram é voltar a uma economia real, uma economia que entendam”. No entanto, nos últimos anos, “as pessoas passaram a importar-se mais em serem consumidoras do que cidadãs”.
Para Catarina Portas a responsabilidade da crise “é nossa”, “deixámos isto acontecer” porque nos deixámos levar pela “irracionalidade”.
Enquanto empresária, refere que na área do comércio há muita coisa errada e “todos os dias estamos a matar a economia portuguesa”. As marcas portuguesas “têm cada vez menos clientes” porque “cada vez está mais concentrada a distribuição e comércio”. E exemplifica: “Neste momento, o Continente e o Pingo Doce controlam 70 por cento da distribuição alimentar e continuam a crescer para outros nichos de mercado”.
Porque “tudo o que cresce demasiado é perigoso”, Catarina Portas considera fundamental “sabermos a quem damos o nosso dinheiro”. “Um cidadão pode ser cidadão através do seu consumo”, sublinha.
Sem ‘pai’ Estado
“A perigosidade tem que ver com o poder contra o qual se levanta”, afirma João Caraça. Para o director do serviço de ciência da Fundação Gulbenkian, a ideia do referendo nacional grego à assistência externa “foi uma ideia perigosa porque atrapalhou e levantou-se contra o poder daqueles dois países que neste momento estão a tomar decisões sobre a Europa, a França e a Alemanha”.
O perigo surge, segundo João Caraça, quando nos esquecemos que “o capitalismo não precisa da democracia”. “Neste momento histórico importante, é esta uma das grandes tensões que estamos a viver e que temos de estar conscientes dela”, avisa.
A ausência de governo é outra das ideias perigosa para Portugal. Quem a propõe no livro «Ideias perigosas para Portugal» é Ana Catarina Santos.
O que, na realidade, a jornalista da TSF quer transmitir é que “temos de depender mais de nós do que no ‘pai’ Estado”. Para isto, é fundamental que exista “liberdade individual”, que cada um de nós tome livres iniciativas.
“Todos, com um pequeno contributo, podemos melhorar aquela que é a nossa rede social”, garante.
Indignados na rua
A indignação é pouco construtiva ou pode levar a um desenvolvimento político actuante? É uma das questões que actualmente se impõe.
De acordo com o sociólogo Gustavo Cardoso, “o Estado, na Europa, está fraco, os bancos estão débeis e nós não sabemos como estamos”.
Os indignados, populações de vários países que manifestaram o seu mal-estar, “são apenas a concretização na rua de algo que já sabíamos há mais de uma década, que coincide com a entrada do euro”. Isto refere-se aos últimos 10 anos em que nos “tornámos hiper consumistas, hiper cépticos em relação ao poder político e indignados”.
De acordo com o professor do ISCTE“somos incapazes de perceber para onde vamos” porque actualmente“não temos alternativas em cima da mesa”. “Falta-nos imaginação inclusive, para olhar para o passado e encontrar algumas coisas”.
O que o especialista quer dizer é que apesar de não haver crédito porque deixou de entrar dinheiro, podem ser postas em prática algumas alternativas. “Não tem de haver limites para a criação da moeda, tudo depende de quem é que cria moeda. Até pode ser virtual, depende da confiança que existe para as pessoas a aceitarem”, refere.
Aquilo que Gustavo Cardoso afirma estar em causa é “a incapacidade dos Estados e também das universidades começarem a fazer propostas concretas de coisas que as pessoas podem acreditar ou não. Enquanto não fizermos isso, vamos continuar a ter indignados nas ruas e nas nossas casas”.
Isto pode ainda não ter acontecido porque, como explica o economista Sandro Mendonça, “o capitalismo não gosta muito de concorrência e no mercado das ideias económicas também se nota uma ausência de disparidade de ideias”.
Daí que as Universidades não evoluam. “Os intelectuais por vezes não são nada interessantes, as Academias não são nada interessantes e o debate, por vezes, não passa por aqui nem pelos media”, afirma o também professor no ISCTE.
Para Catarina Portas a responsabilidade da crise “é nossa”, “deixámos isto acontecer” porque nos deixámos levar pela “irracionalidade”.
Enquanto empresária, refere que na área do comércio há muita coisa errada e “todos os dias estamos a matar a economia portuguesa”. As marcas portuguesas “têm cada vez menos clientes” porque “cada vez está mais concentrada a distribuição e comércio”. E exemplifica: “Neste momento, o Continente e o Pingo Doce controlam 70 por cento da distribuição alimentar e continuam a crescer para outros nichos de mercado”.
Porque “tudo o que cresce demasiado é perigoso”, Catarina Portas considera fundamental “sabermos a quem damos o nosso dinheiro”. “Um cidadão pode ser cidadão através do seu consumo”, sublinha.
“A perigosidade tem que ver com o poder contra o qual se levanta”, afirma João Caraça. Para o director do serviço de ciência da Fundação Gulbenkian, a ideia do referendo nacional grego à assistência externa “foi uma ideia perigosa porque atrapalhou e levantou-se contra o poder daqueles dois países que neste momento estão a tomar decisões sobre a Europa, a França e a Alemanha”.
O perigo surge, segundo João Caraça, quando nos esquecemos que “o capitalismo não precisa da democracia”. “Neste momento histórico importante, é esta uma das grandes tensões que estamos a viver e que temos de estar conscientes dela”, avisa.
A ausência de governo é outra das ideias perigosa para Portugal. Quem a propõe no livro «Ideias perigosas para Portugal» é Ana Catarina Santos.
O que, na realidade, a jornalista da TSF quer transmitir é que “temos de depender mais de nós do que no ‘pai’ Estado”. Para isto, é fundamental que exista “liberdade individual”, que cada um de nós tome livres iniciativas.
“Todos, com um pequeno contributo, podemos melhorar aquela que é a nossa rede social”, garante.
Indignados na rua
A indignação é pouco construtiva ou pode levar a um desenvolvimento político actuante? É uma das questões que actualmente se impõe.
Os indignados, populações de vários países que manifestaram o seu mal-estar, “são apenas a concretização na rua de algo que já sabíamos há mais de uma década, que coincide com a entrada do euro”. Isto refere-se aos últimos 10 anos em que nos “tornámos hiper consumistas, hiper cépticos em relação ao poder político e indignados”.
De acordo com o professor do ISCTE“somos incapazes de perceber para onde vamos” porque actualmente“não temos alternativas em cima da mesa”. “Falta-nos imaginação inclusive, para olhar para o passado e encontrar algumas coisas”.
O que o especialista quer dizer é que apesar de não haver crédito porque deixou de entrar dinheiro, podem ser postas em prática algumas alternativas. “Não tem de haver limites para a criação da moeda, tudo depende de quem é que cria moeda. Até pode ser virtual, depende da confiança que existe para as pessoas a aceitarem”, refere.
Aquilo que Gustavo Cardoso afirma estar em causa é “a incapacidade dos Estados e também das universidades começarem a fazer propostas concretas de coisas que as pessoas podem acreditar ou não. Enquanto não fizermos isso, vamos continuar a ter indignados nas ruas e nas nossas casas”.
Isto pode ainda não ter acontecido porque, como explica o economista Sandro Mendonça, “o capitalismo não gosta muito de concorrência e no mercado das ideias económicas também se nota uma ausência de disparidade de ideias”.
Daí que as Universidades não evoluam. “Os intelectuais por vezes não são nada interessantes, as Academias não são nada interessantes e o debate, por vezes, não passa por aqui nem pelos media”, afirma o também professor no ISCTE.
Sem comentários:
Enviar um comentário